22 abril 2007

Desabafos

O texto que se segue foi uma carta enviada para o meu mano há já algum tempo...

Mas como há coisas que nunca se desactualizam, que permanecem iguais. os sentimentos são uma dessas coisas....


Mano, Mano…
Partilhaste comigo o que te vai na alma fico contente com isso. Disseste que em muitas coisas te ia dar razão e dou-ta…
Mas deixa-me partilhar em breves palavras a história da minha vida:
Nasci e cresci numa aldeia um bocado isolada. Fui o último a nascer cá e não tinha mais ninguém da minha idade, a não será minha irmã. Frequentei a primaria na escola cá da aldeia e infelizmente os poucos colegas que tinha não interessavam nem ao menino Jesus.
Finda a primária fui para Vila de Rei, onde não conhecia ninguém, enquanto que todos os outros já tinham andado na pré-primária juntos. Foi difícil para mim, passei muitos dissabores. Acabei o 9º ano e tive que tomar uma decisão: ou ir para a Sertã e vir todos os dias para casa, o que era muito cansativo ou ir para Abrantes e ficar numa residência. Decidi ir para Abrantes… Foi muito complicado passar a vir a casa só aos fins-de-semana. Tive que partilhar a intimidade de um quarto com mais pessoas, não tinha nenhum lugar só meu… Mas não me arrependo, aliás aconselho a todos esta experiência. Mas não é disso que quero falar, apesar de todas as coisas más que aquilo possa ter também tem coisas boas. Foi lá que conheci pela primeira vez amigos verdadeiros… 3 years hás gone so fast…
Tive que ir para Lisboa, para um sítio onde não conhecia ninguém. Acredita, foram os piores três meses da minha vida. A adaptação foi muito difícil, mas como eu sou uma pessoa cheia de sorte, encontrei um grupo espectacular de amigos, daqueles que nunca pensei existir, pessoas tão diferentes, mas tão iguais. Pessoas que sem fazer perguntas me estenderam a mão e me acolheram de braços abertos…
Quando pensei que já nada me poderia surpreender arranjei mais um mano, sim é verdade, tu és meu mano. Fiquei surpreendido pela maneira como nos conhecemos e nos tornámos amigos. Pela Internet, quem diria. Depois o meu primo apresentou-nos… Mas o que mais me surpreendeu foi a minha atitude, é verdade, só falávamos pela net e no vlrei, grandes peripécias, podia dizer que éramos cyber-amigos. Ainda me lembro como se fosse ontem, tinha saído de uma reunião do partido e ligo-te para irmos beber um copo… esperei-te ao pé do monteverde… nunca no meu perfeito juízo teria ido ter com uma pessoa que só conhecia pela net, mas tinha aquela sensação de que tu eras uma pessoa 5 estrelas, eu nunca me engano.
Faltam-me dois anos para acabar o curso, se tudo correr bem, vou-me envolver em dois projectos importantes da minha vida e que espero ter sucesso…
Mas nem tudo foram rosas na minha vida. O facto de não ter ninguém para brincar comigo, ok tinha a minha irmã, mas ela chateava-me mais do que brincava, fez-me ter mais tempo para pensar nas coisas, mesmo depois de ir para Vila de Rei, eu sentia que estava com um passo a frente na mentalidade que as outras pessoas da minha idade, isso fez com que nunca me integrasse completamente nas coisas da idade. Para te dar um exemplo no 8º,9º ano já sabia o que queria fazer da minha vida, já me interessava por política, achas normal? Depois em Abrantes encontrei verdadeiros amigos, comecei a dedicar-lhes mais atenção, a entrar mais na brincadeira, em suma, deixei de levar a vida tão a sério. E sabes que mais? Fez-me bem, estava uma pessoa mais feliz. Mas também durante esse tempo perdi um amigo que se matou. Tanta merda que me passou pela cabeça naquela altura. Mas felizmente as coisas depois amainaram e tudo voltou a uma aparente tranquilidade pois sempre há. Deves perguntar, então e tu não discutes? Respondo-te: não, não discuto, não gosto de perder tempo com porcarias. Prefiro engolir, digerir e cagar…
Em Lisboa tenho os meus amigos e a minha faculdade, não há chatices, por isso é que muitas vezes vir a casa é mais stressante do que ficar em Lisboa.
Ah a parte das miúdas. É verdade, miúdas não são tudo. Tive algumas namoradas. A primeira delas andava no sexto ano, era a afilhada do relojoeiro. Todos brincavam comigo por causa disso. Depois ela acabou comigo porque, vim mais tarde a descobrir, o meu melhor amigo na altura disse-lhe que se ela deixasse de namorar comigo ele namorava com ela. Ela assim fez. Azar o dela que depois ficou sem nenhum. No 8º ano namorei com uma rapariga que até era de uma terra perto da minha. Digamos que foi um namoro intenso, mas sem sexo. Ela acabou no último dia de aulas comigo porque tinha medo dos pais e coiso e tal. No ano seguinte lixou-se. Ela queria namorar comigo só que eu gostava da amiga dela. Tão parvo que fui, pois a outra gaja era, digo aqui para nós que ninguém nos ouve, uma puta. Todos andavam com ela menos eu. Azar o dela também, soube mais tarde que ela foi encornada à grande. Ainda em Vila de Rei, tive mais uma relação passageira com uma outra gaja… aquela que te disse no concerto dos xutos… ok já não te lembras, mas lembro-me eu tinha cá um rabinho, bem mas não interessa. Depois fui para Abrantes. No décimo ano namorei umas semanitas com uma gaja, mas depois largou-me. Até que me apaixonei pela Ana, sabes a Ana, aquela que tem namorado e coiso e tal. Fiz o que estava na consciência e não me arrependo. Ainda tentei conquistar duas outras raparigas mas nada. Azar. A partir desse momento deixei de procurar raparigas, quando tiver que ser é, há que saber ser paciente. Confesso que muitas vezes me dá vontade de ter uma pessoa para abraçar, mimar e me dar miminhos… mas quando isso acontece, procuro os amigos… outras vezes fico sozinho a pensar na vida e aí sim, penso muitas vezes que sou um monte merda ambulante. Mas depois penso, para que estar aqui a lamentar-me? Tenho amigos, tenho qualidades, vou fazer alguma coisa de útil. E assim é. Sinto falta de uma rapariga, estou com vontade de foder, olha tenho que me contentar com uma punheta.
Digo-te, pouca coisa me deita abaixo, mas há uma coisa que não falha, a minha estupidez. Eu crio muitas expectativas, principalmente com os amigos e quando estou a espera que reajam de certa maneira ou que façam o que estou à espera, fazem sempre tudo ao contrário. Não é que eles façam alguma coisa de mal, é que estou à espera que reajam da mesma maneira para mim como eu para eles, mas isso não acontece. Aí fico puto da vida e depois fico triste comigo porque fui estúpido. Eles não reagem da mesma maneira que eu porque tivemos vivências diferentes, porque somos diferentes. Enfim…
Oh mano somos tão diferentes, por isso é que nos damos tão bem… confesso que estou a ficar preocupado com as tuas mudanças de atitude, com as tuas reacções perante as contrariedades da vida. Mas eu estou aqui para te chamar a razão e te ajudar quando precisares.
Perguntas muitas vezes se sou feliz. Eu respondo-te: SIM SOU FELIZ!!!
Eu explico-te porque sou feliz. Sou feliz porque nasci, sou feliz porque tenho uns pais e uma irmã que não tenho duvidas nenhumas que gostam de mim, sou feliz porque tenho oportunidade de estudar, sou feliz porque sou saudável, sou feliz porque tenho uma casa, sou feliz porque nunca me faltou o essencial para sobreviver, sou feliz porque tenho amigos, mas acima de tudo SOU FALIZ PORQUE TU ÉS MEU MANO!!!
Com tantas coisas boas para que preocuparmo-nos, porque chatermo-nos com as gajas que não nos ligam nenhum, com os gajos que só nos chateiam, para que ligar-lhes se temos os amigos com que nos preocupar. Para que querermos destruir tudo, quando nos devíamos preocupar em construir. Para que partir para a violência, quando podemos manter a paz.
Tu és o meu mano, não preciso de dizer mais nada.
Tu queres ser feliz? Faz os que merecessem felizes! Os outros? Ignora-nos. Isto é o que eu faço e resulta. Não preciso de lhes fazer nada, eles fazem mal a eles próprios, eles enterram-se sozinhos.
Isto não foi para te dar nas orelhas. Este é como eu sou, os outros, eles que o digam, quem sou eu para fazer juízos de valor?
Eu apenas sou o teu humilde mano.

Abraço MANO!!!

18 abril 2007

POIS



Hoje sinto-me parvo…

Quer dizer… era o que podia faltar, depois de me considerar louco, não tinha mais nada para ser senão parvo…

Hoje sinto-me melancólico…

Mas isso é o que sinto todos os das. De manha quando acordo é uma melancolia…

Mas hoje não me sinto bem…

Não sei porque, mas há qualquer coisa que na bate certo…

Quer dizer, saber até sei, só que não consigo exteriorizar… Melhor eu não quero exteriorizar…

É algo tão meu, que ninguém perceberia, aliás iriam rir-se de mim na minha cara…

É normal… mas eu não sou normal, logo não iria achar piada…

Mas qual é a piada disto tudo?

Quem me dera ser uma pessoa normal, ter uma gaja para comer ou então como diz o outro: dinheiro no bolso para cigarros e bilhar…

Tenho algo mais valioso que isso… mas não há correspondência e isso faz-me sofrer.

Podia ser tantas coisas, logo tinha que ser um coração mole, um insensível de merda…

É a tal coisa, sou um louco bom de mais…

Mas isto passa. Isto tem que passar… não posso ser tão exigente, não com os outros nem comigo próprio. Tenho que simplesmente ser.

Tenho que deixar as emoções de lado.

Tenho que conhecer pessoas. Eu preciso de conhecer pessoas, de falar com elas, de conviver…

Preciso de ser feliz. Não me posso agarrar a um certo número de pessoas.

Eeu que sempre quis contrariar o Fernando…

Pois bem Fernando agora vais ter a resposta:

Ah e tal a conversa toda dos amigos e da amizade é muito bonita sim senhor, mas estas a esquecer-te que já não há amigos como antes… Hoje em dia as pessoas são muito superficiais. Não, não estou a exagerar, é verdade e eu sou a prova disso. Eu que tento de tudo para que haja um grande sentimento de amizade e entreajuda nas pessoas e o que é que elas fazem? Nada, simplesmente se limitam a passar a mão no cabelo ou a coçar os tomates…
E quando há situações em que as pessoas não se vêm à bastante tempo e quando há oportunidade de um café tomar só se interessam em ir mandar uma queca com uma gaja e esvaziar os colhões…

É verdade Fernando, quem me dera estar redondamente enganado, mas não…

Pode ser que algum dia as coisas mudem.

Eu duvido, duvido mesmo…